14 de julho de 2012

Sete anos do Tri da Libertadores


Em 1994 o São Paulo se preparava pra tornar-se o primeiro clube brasileiro a conquistar a Libertadores pela 3ª vez. Porém, não quiseram assim os deuses do Futebol, infelizmente então, tivemos que ver o Velez Sarsfield sagrando-se campeão naquele ano. Era o triste desfecho da gloriosa geração de Telê Santana, Leonardo, Müler, Cafu, Zetti, Toninho Cerezo e Juninho Paulista.

Devido a obras no Morumbi, o São Paulo viveu anos e mais anos de vacas magras, com apenas três títulos paulistas em 10 anos (1998, 2000 e 2002). Foram os tempos de Sierra, Pavão, Mona, Jean, Amelli e Mário Sérgio Pontes de Paiva. Algumas decepções foram piores: Dida pegando dois pênaltis do Raí na semi-final do Brasileiro de 1999, a horrorosa derrota para o Cruzeiro na final da Copa do Brasil de 2000 e o fracasso no Brasileirão de 2002. No entanto, debaixo de sol ou chuva, estávamos lá, apoiando nosso time. Mesmo porque o amor verdadeiro jamais morre.

As coisas começaram a mudar com o terceiro lugar no Brasileirão de 2003. Ficamos 10 anos sem disputar o principal torneio do continente, mais graças a parceria Rojas e Milton Cruz, o time conseguiu o terceiro lugar no campeonato brasileiro e conseqüentemente a grande volta a uma Libertadores.

Durante todo o torneio a equipe foi bem, estava embalada, jogava bem, e mostrava muita força dentro de casa. Porém, ninguém esperava que um certo Once Caldas fosse acabar com o sonho tricolor de ir a uma hipotética final contra o temido Boca Juniors... A derrota atrasava por mais um ano o sonho inédito Tricolor.

Depois da trágica e dolorosa eliminação, diante da zebra colombiana, alguns jogadores saíram e a equipe perdeu força. O Brasileiro serviu apenas para o time conquistar novamente a terceira colocação e a vaga para a próxima Libertadores, porém dessa vez, os erros e a desatenção de 2004 não seriam cometidos, mesmo porque a pressão da torcida aumentou ainda mais.

Por incrível que pareça, o São Paulo que conquistaria a América e conseqüentemente o Mundo em 2005 começou a ser construído a partir dos erros cometidos na temporada anterior. Naquele ano nada podia segurar o escrete São Paulino: Enfrentamos a altitude, o racismo, o clássico contra o Palmeiras (Campeão da Libertadores de 1999) e o temível e favorito River Plate, todas adversidades possíveis, mais não demos chances pra nenhuma delas.

Naquela noite fria, alheios as confusões nas imediações, o que se via no lotado Morumbi era um público que não parava de cantar e incentivar. Momentos tensos e de grande felicidade. Pura magia, garra e vontade... Muitos insistiam em acreditar no Atlético Paranaense, porém, após 1x1 no jogo de ida, tivemos um verdadeiro espetáculo no Morumbi.

São Paulo 4×0 Atlético-PR, um massacre. O tricolor aplicava outra goleada em uma final de Libertadores (a exemplo de 1993, quando fez 5 a 1 na Universidad Católica) e conquistava de maneira inquestionável sua terceira Libertadores com 9 vitórias (sete em casa), quatro empates e uma derrota, com 34 gols marcados e 14 sofridos.

Estavam compensados os últimos anos de fracassos e decepções. O São Paulo voltou ao lugar de direito: O TOPO. O tempo passa, e ele passa depressa, hoje comemoramos exatos 7 anos dessa conquista que devolveu o São Paulo ao nível dos gigantes da América, o titulo que foi um marco pra que o São Paulo ganhasse novamente o mundo e se tornasse em seguida o maior campeão brasileiro de todos os tempos... Parece que foi ontem

O time comandado por um único craque (Rogério Ceni) e diversos guerreiros unidos em torno de um ideal: Os zagueiros (aquilo sim é que era zaga) jogaram como nunca; Fabão, Lugano e Alex, simplesmente não deixaram o adversário levar perigo; Cicinho vibrou até com bola pra lateral; Júnior (substituído por Fábio Santos) marcou e armou com a eficiência que conhecemos. Josué e Mineiro, na época a melhor dupla de volantes do Brasil, dispensam comentários. Danilo, Luizão (substituído por Souza) e Amoroso (substituído por Diego Tardelli), o trio ofensivo causava calafrios a qualquer um; No banco um técnico experiente e focado no tri: Paulo Autuori. Luizão fez sua despedida em grande estilo e chorou quando fez seu gol. Fabão também não conteve as lágrimas quando marcou o seu. Grafite invadiu o campo no final, mancando com a perna operada, e também não conseguiu conter a emoção. E a torcida não esqueceu nem Telê, que teve seu nome gritado em coro no final.

Nosso capitão Rogério Ceni estava sedento pela vitória, mais do que qualquer outro jogador, ele queria aquele título, esteve presente em todas as vacas magras e repetia constantemente antes da cobrança de pênalti do Atlético-PR: "Eu vou pegar, eu vou pegar"... Não pegou, mas viu o Morumbi explodir em êxtase, após a bola bater na trave. Muito antes do apito do juiz, um sentimento passional já invadia os milhões de corações sãopaulinos; Assim como a ansiedade de um adolescente pelo primeiro encontro, assim como o jovem noivo que aguarda sua futura esposa no altar... assim ficou o nosso coração tricolor, se desmanchando de alegria, e em meio as lagrimas e sorrisos, pudemos finalmente voltar a gritar é campeão.

Não adianta falar em técnica ou tática, todos os jogadores deram o sangue em campo, jogaram com raça e classe, golearam e levaram pra casa um título incontestável, mostrando que para triunfar, é preciso ter motivação, raça, técnica, e vários detalhes que decidem jogos e competições. Aquele São Paulo tinha isso tudo. A torcida do São Paulo transmitia tudo isso, o que não vem acontecendo nos últimos anos.

O primeiro tricampeão da América precisa, e vai, se reerguer. Com certeza, se os atuais jogadores assistissem a aquela partida final, ou qualquer outra da campanha, eles perceberiam que, pra jogar no São Paulo, e convencer a sua torcida, é preciso ESPÍRITO DE LIBERTADORES. Somente quem olha com bons olhos para o passado, e aprende com os erros, é capaz de construir um futuro vencedor.

Esse artigo foi escrito por Roberta Oliveira

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